Veio e não voltou mais.
De quando em vez aparecem umas situações inusitadas.
Hoje uma paciente de 26 anos, porte de atleta de musculação já chegou dizendo assim, que queria os “pedidos” de exames pois ela estava em “tratamento de medicina integrativa” e “reposição bioidêntica” e eu perguntei qual seriam os exames.
Ela me mostrou um impresso com 48 exames tipo “check list” todos marcados com um X.
E o nome do profissional que substabelecia o pedido não era médico.
Perguntei assim: E por que ele não solicitou?
A resposta como que imediata foi, ele não é médico, aí a UNIMED não autoriza e eu pago plano de saúde para isso mesmo.
Eu respondi que infelizmente não poderia pedir pois o ato de solicitar exames é do médico e se ele entender da necessidade da realização.
Ela então visivelmente aborrecida já foi dizendo assim: só por que o senhor não faz “integrativa” e nem “harmonização” o senhor está se negando.
Eu dei boa tarde e me levantei para apertar a mão da mesma que saiu com cara de pouquíssimos amigos.
Está cada vez mais difícil de se fazer medicina com seriedade.
Dr. Allan,
Observo que o aumento das mensalidades dos Planos de Saúde sobem muito acima da inflacão, onerando o consumidor. Grosso modo, com uma inflação ao redor de 5% (IPCA), os planos individuais (como Unimed) têm reajustes ao redor de 10%, enquanto os empresariais (que ANS não impõe limite) se elevam em cerca de 20%.
Argumentam as Operadoras que o índice de reajuste que elas aplicam (cujo cálculo e metodologia poucos entendem), além das atipicidades dessa atividade, incorpora expressiva quantidade de fraudes (que elas deveriam apurar e punir os responsáveis, em vez de dividir esse ônus com todos os usuários).
Adicionalmente, contribui para o aumento o custo com exames não essenciais solicitados.
Isto posto, considero correta sua atitude como Médico competente, e responsável, em negar o pedido da paciente em questão.
A postura dela poderia ter sido de se submeter a uma consulta regular com o senhor, que avaliaria se e quais exames seriam necessários.
Médicos que aceitam simplesmente servir de “despachantes” para não médicos, além de desvalorizar a nobre profissão, agravam os custos dos planos de saúde, cujo reflexo, em aumento das mensalidades, sempre recairá no usuário, o consumidor final.
Gabriel Gasparetto